A grife Dolce & Gabbana acendeu uma intensa controvérsia ao apostar na inspiração eclesiástica para embalar seus desfiles mais recentes. No coração da capital italiana, sob o sol forte do verão romano, a marca apresentou duas coleções que misturam moda, fé e símbolos religiosos com forte impacto visual. O desfile feminino, ocorrido nos Fóruns Imperiais, ruínas grandiosas da Roma Antiga, destacou roupas e joias que remetem à ostentação sacra. Já o segundo evento, nos arredores do Vaticano, foi marcado por uma estética litúrgica, desfilando peças com clara referência a vestimentas clericais.
Essa ousadia da Dolce & Gabbana com a inspiração eclesiástica dividiu opiniões. De um lado, houve quem aplaudisse a tentativa de reaproximação entre arte e espiritualidade, trazendo a religião de volta ao centro das discussões estéticas. De outro, setores religiosos e conservadores enxergaram nas peças um desrespeito à simbologia cristã, com o uso de elementos litúrgicos fora de contexto. A Dolce & Gabbana com inspiração eclesiástica reacende, portanto, a velha tensão entre o sagrado e o profano dentro da cultura de massa.
A escolha dos locais dos desfiles também contribuiu para o barulho midiático. A apresentação em meio às ruínas históricas da Roma Antiga evocou o peso da tradição e da herança imperial, enquanto o desfile litúrgico próximo ao Vaticano quase encenava um rito fashion religioso. A Dolce & Gabbana com inspiração eclesiástica mostrou, assim, que a moda pode ser tão provocadora quanto uma encíclica, ainda que não tenha sido recebida com reverência por todos os setores da sociedade.
A polêmica que envolve a Dolce & Gabbana com inspiração eclesiástica não é um caso isolado. A grife já foi alvo de críticas em outras ocasiões por se apropriar de elementos culturais e religiosos de forma controversa. Em 2018, por exemplo, enfrentou protestos na China após campanha publicitária considerada racista. Agora, ao tocar no universo simbólico da Igreja Católica, a marca mexe num vespeiro ainda mais sensível, provocando reações que vão da admiração à indignação.
Especialistas em moda apontam que a Dolce & Gabbana com inspiração eclesiástica está apenas seguindo uma tendência de resgate do barroco e do sagrado no universo fashion. No entanto, quando esses elementos deixam os museus e os altares para invadir as vitrines e passarelas, inevitavelmente surge o debate sobre o limite entre reverência e espetáculo. A moda, afinal, é terreno fértil para ambiguidades, e a Dolce & Gabbana parece saber exatamente como semear polêmica para colher visibilidade.
O uso de joias e vestimentas que remetem ao clericalismo foi interpretado, por alguns críticos, como uma tentativa de teatralizar a fé. A Dolce & Gabbana com inspiração eclesiástica desfilou não apenas tecidos e cortes refinados, mas também uma narrativa visual que pareceu simular ritos religiosos. Esse cruzamento entre moda e mística acendeu o alerta entre representantes da Igreja, que acusam a marca de banalizar o sagrado em nome do marketing.
Por outro lado, há quem defenda que a Dolce & Gabbana com inspiração eclesiástica é um grito artístico contra a superficialidade contemporânea, ao buscar no sagrado um sentido mais profundo para a estética. Para esses, a iniciativa é ousada, sim, mas não ofensiva. Eles argumentam que a moda sempre bebeu nas fontes da arte sacra e que reinterpretar esses símbolos pode ser, também, uma forma de homenagem — embora o público e os fiéis não estejam unânimes nessa leitura.
A verdade é que a Dolce & Gabbana com inspiração eclesiástica expõe uma ferida cultural aberta: a tensão entre tradição e modernidade, fé e consumo, reverência e provocação. No fim das contas, o desfile foi mais do que uma exibição de roupas — foi um manifesto silencioso, uma prece estilizada ou, quem sabe, um sacrílego espetáculo de beleza. Se o objetivo da moda é fazer pensar, causar, dividir e inspirar, então a missão foi cumprida com louvor.
Autor: Mia Larsen Silva