O especialista Rodrigo Balassiano explica que a economia circular surge como uma resposta essencial aos desafios ambientais e econômicos do séc. 21. Ela propõe um modelo de produção e consumo que prioriza a reutilização de recursos, reduzindo desperdícios e impactos negativos. Assim, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) ganham destaque como ferramentas inovadoras, pois podem ser estruturados para financiar cadeias produtivas sustentáveis, promovendo a transição para uma economia mais circular.
Como os FIDCs podem apoiar cadeias produtivas sustentáveis?
Os FIDCs são mecanismos financeiros que permitem a captação de recursos por meio da emissão de cotas, utilizando direitos creditórios como lastro. Ao direcionar esses fundos para setores como reciclagem ou energias renováveis, é possível injetar capital em empresas que enfrentam dificuldades de acesso ao crédito tradicional. Por exemplo, cooperativas de reciclagem podem utilizar os recursos para modernizar suas operações, aumentando sua eficiência e competitividade no mercado.
Ademais, Rodrigo Balassiano informa que os FIDCs podem fomentar a agricultura regenerativa, que restaura ecossistemas degradados ao produzir alimentos. Esses projetos geram bons retornos, especialmente quando associados a práticas que capturam carbono ou melhoram a biodiversidade. Com a estrutura correta, os FIDCs podem se tornar catalisadores para a expansão dessas iniciativas, conectando investidores interessados em impacto positivo com empreendedores comprometidos com a sustentabilidade.
Quais ativos circulares podem ser utilizados como lastro em FIDCs?
Ativos circulares, como créditos de carbono, representam uma oportunidade única para estruturar FIDCs. Esses créditos são gerados por projetos que reduzem ou sequestram emissões de gases de efeito estufa, como reflorestamento ou energia solar. Ao transformá-los em direitos creditórios, é possível criar um fluxo de receita previsível, que serve como garantia para os investidores do fundo.
Outros exemplos incluem resíduos recicláveis transformados em matérias-primas secundárias, cuja comercialização gera receitas consistentes. Esses fluxos de caixa podem ser embalados em FIDCs, permitindo que pequenas e médias empresas obtenham recursos para expandir suas operações. Rodrigo Balassiano frisa que a chave está em desenvolver modelos de precificação e risco adequados, garantindo a segurança dos investidores e a viabilidade das iniciativas.

Quais são os desafios para implementar essa abordagem?
Um dos principais desafios é a falta de padronização e regulamentação clara para ativos circulares. Créditos de carbono, por exemplo, variam significativamente em termos de qualidade e metodologia de cálculo, o que pode dificultar sua aceitação como lastro em FIDCs. Além disso, muitas empresas ainda carecem de capacidade técnica e financeira para participar desse tipo de estrutura.
Outro obstáculo é a necessidade de educar investidores sobre os benefícios e riscos associados a esses fundos. Rodrigo Balassiano expõe que, embora a demanda por investimentos de impacto esteja crescendo, muitos ainda hesitam em adotar novos modelos, especialmente quando envolvem setores emergentes. Superar essas barreiras exige colaboração entre governos, instituições financeiras e organizações do terceiro setor.
O futuro da economia circular e os FIDCs
A integração entre FIDCs e economia circular representa uma oportunidade única para alinhar retorno financeiro com impacto positivo. Ao canalizar recursos para cadeias produtivas sustentáveis, é possível acelerar a transição para um modelo econômico mais resiliente e responsável. No entanto, isso exige inovação, transparência e cooperação entre diferentes atores.
Por fim, Rodrigo Balassiano conclui que, com políticas públicas adequadas e maior conscientização, os FIDCs podem se consolidar como uma solução-chave para financiar iniciativas circulares. O futuro depende de nossa capacidade de unir forças e repensar o papel do sistema financeiro na construção de um mundo mais sustentável. Que tal começarmos agora?
Autor: Mia Larsen Silva