Conforme o especialista da área Rodrigo Balassiano, o debate sobre fundos estruturados e a democratização do acesso ao mercado de crédito vem ganhando destaque à medida que investidores e empresas buscam alternativas para diversificar fontes de financiamento e promover maior inclusão financeira. Os fundos estruturados, especialmente os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), têm desempenhado papel fundamental nesse cenário, ao permitir que pequenos e médios empreendedores, antes excluídos do crédito tradicional, possam acessar recursos por meio da antecipação de recebíveis e operações estruturadas.
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Como os fundos estruturados e a democratização do acesso ao mercado de crédito estão interligados?
A relação entre fundos estruturados e a democratização do acesso ao mercado de crédito está na capacidade desses veículos de investimento viabilizarem operações para empresas que normalmente enfrentam dificuldades junto ao sistema bancário tradicional. Ao utilizar recebíveis — como duplicatas, contratos de prestação de serviço e boletos — como lastro, os FIDCs oferecem liquidez a negócios que não possuem ativos físicos para oferecer em garantia. Isso amplia o acesso ao crédito para setores informais, regionais ou de menor porte.
Além disso, os fundos estruturados reduzem a assimetria de informações por meio de análises mais técnicas e segmentadas. Isso permite que empresas com bom histórico de recebíveis, mas sem grande visibilidade no mercado financeiro, consigam acessar recursos com taxas mais competitivas. A democratização do crédito, nesse contexto, acontece ao eliminar barreiras impostas por critérios convencionais de risco, que muitas vezes penalizam empreendedores fora dos grandes centros.
Outro fator importante, segundo Rodrigo Balassiano, é que os FIDCs podem ser criados sob medida para setores específicos da economia, como agronegócio, saúde, educação ou tecnologia, atendendo às características particulares de cada cadeia produtiva. Essa flexibilidade na estruturação amplia as possibilidades de financiamento, promovendo inclusão e estimulando a formalização de atividades econômicas. Com isso, os fundos estruturados tornam-se instrumentos eficazes para impulsionar o crescimento de empreendedores que estavam à margem do sistema financeiro tradicional.
Quais são os benefícios práticos dessa democratização por meio dos fundos estruturados?
Como destaca o especialista Rodrigo Balassiano, um dos principais benefícios da democratização do crédito via fundos estruturados é o estímulo à economia real, especialmente em momentos de retração ou baixa oferta de crédito bancário. Ao facilitar o acesso de pequenas empresas a capital de giro, os FIDCs ajudam a manter empregos, abastecer cadeias de produção e fomentar o consumo local. Isso cria um ciclo positivo de desenvolvimento econômico com base na inclusão financeira.
Outro ponto relevante é o fortalecimento da cultura de crédito responsável. Empresas que participam de operações via FIDC passam a adotar práticas mais formais de gestão, como emissão de notas fiscais, controle financeiro e registro de contratos. Essa formalização, além de favorecer o relacionamento com o mercado, também prepara os negócios para futuras rodadas de investimento ou expansão de escala. Assim, os fundos estruturados funcionam como ponte entre o mercado informal e o sistema financeiro institucional.
Quais são os desafios para expandir o uso dos fundos estruturados nesse processo?
Apesar do potencial, ainda existem obstáculos relevantes para consolidar o papel dos fundos estruturados na democratização do acesso ao mercado de crédito. O primeiro deles é a complexidade regulatória e operacional para montar e gerir um FIDC, o que exige conhecimento técnico, estrutura jurídica e custos que podem afastar pequenos cedentes e investidores iniciantes. Democratizar o crédito também requer democratizar o acesso a esses instrumentos financeiros.
Outro desafio é a qualidade e a transparência das informações sobre os recebíveis. Muitos empreendedores ainda operam com baixa digitalização e sem registro adequado de suas transações, dificultando a auditoria e a precificação dos ativos. Para superar isso, é necessário fomentar a educação financeira e incentivar o uso de tecnologias de registro, como blockchain ou sistemas de gestão integrada.
Por fim, Rodrigo Balassiano frisa que é fundamental que os fundos estruturados avancem também na inclusão regional, superando a concentração nos grandes centros financeiros. Incentivos públicos, parcerias com fintechs e políticas de fomento podem ser caminhos eficazes para descentralizar o acesso ao crédito estruturado. Dessa forma, a democratização se amplia não apenas no perfil dos tomadores de crédito, mas também em sua distribuição geográfica e setorial.
Autor: Mia Larsen Silva
