A moda digital surgiu há bastante tempo, é verdade. Mas foi recentemente que começou a ganhar mais força, ainda mais durante a pandemia quando o isolamento social trouxe um consumo de vestuário apenas em casa. Se no começo era uma arte apenas para jogos, hoje chegam às passarelas.
A disputa desse mercado se apresenta entre designers gráficos e profissionais da moda, enquanto algumas empresas já entendem a importância de aliar os dois talentos. E quem começar agora pega a tendência na subida, antes de chegar no auge, e garante um espaço quando o melhor momento chegar.
O que é moda digital?
O termo moda digital se refere a todo o mercado de criação e desenvolvimento de roupas dentro do ambiente digital. Dessa forma, podemos falar de skins e acessórios para personagens em jogos, peças criadas por computador em filmes (uniformes de super-heróis, por exemplo) e roupas virtuais consumíveis pelo público comum.
Muitas pessoas podem estar se perguntando para que serve uma roupa virtual. E respondemos: para várias coisas. Isso inclui consumo e oportunidade de gerar faturamento para uma pessoa ou empresa. Essas formas de funcionamento da moda digital nós vamos explorar mais à frente, no tópico a seguir.
A moda digital ela surge junto com a criação dos gráficos de computador. Quando as pessoas começaram a fazer imagens de peças e moldá-las com dados, o fashion virtual nasceu.
No começo, era usado mais para jogos e cinema, mas depois descobriu-se o potencial de uso para o consumidor comum, como explicaremos mais à frente.
Várias marcas já aderiram a esse conceito. Entre elas, há a Gucci, a Supreme e a Renner, que já lançaram coleções totalmente computadorizadas, a serem usadas como filtros em fotos ou skins de bonecos de video game.
Este último nasce a partir de collabs entre as marcas e também gera roupas físicas que remetem ao mundo virtual. Os jogos se tornam uma vitrine.
Por último, também não dá para esquecer de citar os exemplos como o lançamento da Balenciaga “Afterworld: The Age of Tomorrow”. Nesse case de sucesso, foi desenvolvido um jogo com moda digital para divulgar peças que também poderiam ser comercializadas em versão física.
Como funciona o mercado de moda digital?
O mercado da moda digital está em constante expansão tanto em números quanto em espaços a serem ocupados. Se lá no início seu foco estava nos jogos e nos efeitos gráficos para o cinema, hoje já atinge mais públicos.
Ele abraça desde o design virtual para aprovação de peças físicas até coleções feitas puramente de dados e que apenas avatares online vestirão.
Considerando essa situação, não é possível delimitar o funcionamento da moda digital. Sabemos por onde começa, dá para entender onde está, mas é impossível prever como será amanhã.
O que temos são tendências e o status quo, que você pode estudar e considerar qual caminho parece ser mais atrativo para a sua carreira ou propostas de produtos da sua coleção.
Assim, temos três exemplos bem marcantes de como a moda digital se comporta nos dias atuais e que servem de referência para o futuro. São tendências e propostas de discussão que mostram que há uma nova gama de profissionais e tipos de mercado a serem atingidos agora.
Antes, a indústria fashion envolvia estilistas, tecelões, alfaiates, costureiras, modelos e profissionais de gestão. A moda digital oferece oportunidades para designers digitais, investidores de tokens, desenvolvedores de sistema, programadores, advogados de cibersegurança e muito mais.
Confira os tópicos importantes sobre como a moda digital funciona e como tende a ser o futuro:
Relação entre moda digital e NFT
Os tokens não fungíveis são um mercado muito importante para a moda digital. Maras que lançam peças exclusivas e fantásticas podem vender o registro das mesmas e abraçar tanto entusiastas fashion quanto colecionadores ou investidores.
Para se ter uma ideia, o mercado de NFTs movimentou mais de R$ 130 bilhões em 2021.
A grande vantagem de aliar comércio de NFTs à moda está na vitrine que o mundo virtual tem para oferecer. O Metaverso tem um mercado inteiro voltado para a comercialização desse tipo de arquivo digital. Inclusive, já houveram marcas que lançaram tokens que representassem peças físicas, não de moda digital.
Esse é mais um exemplo de que a moda digital ajuda a movimentar diversos mercados além do fashion. Há toda uma indústria financeira e de cibersegurança por trás de NFTs.
Influenciadores 3D
O que você acharia se a Lu (assistente virtual da Magazine Luiza) se tornasse modelo ou fizesse uma campanha para promover uma coleção de roupas? Essa é exatamente a proposta por trás dos influenciadores 3D: personagens virtuais que capturam a empatia do público e se comunicam com nichos, se tornando exemplos de comportamento, aprendizado e consumo.
Há um investimento massivo na criação desse tipo de personagem. Geralmente são representações de marcas, mas não precisam ser sempre. O que importa é se tornarem influentes, celebridades virtuais, que ajudarão a vender coleções assim como outros produtos e serviços de quem quiser patrocinar.
Aqui há espaços de mercado para diversos profissionais além de estilistas e designers. Animadores, fonoaudiólogos, músicos, linguistas e outros podem ajudar na criação de personagens autênticos e realistas.
Deve-se ter um cuidado muito grande para capturar a empatia e evitar cair no Vale da Estranheza, uma sensação esquisita que seres humanoides causam em pessoas.
Roupas digitais e skins para jogos
As skins de jogos são variações visuais de personagens que podem interferir na mecânica, alterar animações e trazer outros recursos.
As roupas virtuais são arquivos digitais de peças de moda que podem ser usadas de referência para produção ou vestidas por avatares, pessoas reais (como filtros de fotos) e personagens de jogos.
Skins de personagens de video-game podem ser desenvolvidas com o uso de coleções de moda digital. Da mesma forma, uma empresa de confecção pode transformar o vestuário de um personagem em uma roupa virtual ou física. Ou seja, a diferença é muito tênue e se debruça mais no objetivo de uso do que na definição de cada um.
É comum marcas de moda usarem skins de jogos para promover suas coleções. Um exemplo está na parceria de League of Legends, jogo mundialmente famoso do tipo MOBA, com a grife Louis Vuitton.
O resultado foi os personagens usando roupas que conversavam estilisticamente com as peças que seriam lançadas na coleção do collab.
Quais as vantagens de entrar no mercado de moda digital?
A indústria da moda digital traz inúmeras inovações e traz benefícios que potencializam o avanço do mercado e do consumo inteligente, algo que está no anseio dos públicos no mundo todo.
O planeja já não suporta mais o grande desperdício de tecido que se enxerga no lixo todos os anos. Ao mesmo tempo que novos estilos e profissionais surgem com a democratização do conhecimento e das ferramentas de criação em moda.
Confira 3 vantagens que uma confecção terá ao aderir ao mercado digital:
Redução de custo
Sabe quanto uma confecção gasta anualmente com matéria-prima no desenvolvimento de coleções de moda digital? Exatamente nada. Afinal de contas, as peças são feitas de dados, sem usar um centímetro sequer de materiais.
Dessa forma, o mercado fashion virtual é um grande campo de experimentação. Sabe aqueles recortes que as pessoas pensam em aplicar nas peças de couro caras, mas que não tentam para não desperdiçar material? É, isso é possível de ser feito sem dor na consciência com a moda digital.
Mesmo que esse design esteja sendo realizado para uma produção física depois, só de aprovar protótipos na versão virtual já se acaba com muito gasto com matéria-prima.
Sustentabilidade
Você sabia que anualmente, no Brasil, cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são descartadas em um ano depois da compra? Isso é o que mostra esta pesquisa de Bruna Lozano a respeito de consumismo e sustentabilidade na moda.
A moda digital, enquanto fica apenas virtual, é quase 100% sustentável. Para ficar completa, só precisa a confecção utilizar fontes de energia limpas e renováveis.
No caso das marcas de roupas físicas, fazer a criação no computador e aprovar ainda em arquivo, já elimina todo o desperdício da etapa de desenvolvimento.
Inclusão
A moda digital teve o incrível efeito de inclusão de novos profissionais de diversas camadas da sociedade à indústria fashion.
Não importa de onde você vem, seu gênero, classe social, ou nacionalidade. Se tiver bom gosto, mandar bem na divulgação e acesso à tecnologia, todos podem ter sua marca de moda digital.